Parada de Devassid... digo, da Diversidade

Ontem, dia 26 de Agosto, aconteceu aqui em Teresina a "Parada da Diversidade", na qual o público LGBTS (não necessariamente nessa ordem) se reuniu pra uma caminhada onde o respeito e a tolerância são brindados. Um público variado, diverso como a proposta, que se encontraram na avenida Raul Lopes em alguma hora da tarde trazendo todo o seu glamour. Infelizmente não pude atender ao evento, mas vislumbrei pela televisão algo que sem dúvida eu chamaria de uma aglomeração brilhante. Uma das entrevistadas, um travesti de uma barriga impertinente e desavergonhadamente exposta, que não me recordo o nome, foi pedida pra falar um pouco sobre seu look. Nas suas próprias palavras: "...tô usando essa meia bem prostituta, né, um ahazo.'' Realmente, um arraso. Mas tinham também alguns gogo-boys em cima dos trios, exibindo toda a sua carnalidade e sensualidade... talvez porque só tenham isso. Ou assim acreditam. Bom, mas chega de ironia.

É revoltante ver que essas pessoas pensam que agindo daquela forma, banalizando o sexo e sua própria sexualidade, assumindo um comportamento de imposição frente à moralidade vigente da nossa sociedade, estão de fato contribuindo pra uma aceitação por parte da mesma. Eu sou gay e digo que aquilo ali não me representa. Eu não sou somente a minha sexualidade. Eu não sou somente "Mephisto, o gay". Como posso exigir respeito por parte dos outros se em meu comportamento não demonstro respeito nenhum? Eu não estou falando que ser travesti, prostituta ou gogo-boy seja algo vergonhoso. Absolutamente. Mas não é atacando a capacidade das pessoas de enxergarem essas formas de expressão de uma forma mais flexível que vamos mudar isso. Não é berrando orgulhosamente aos quatro cantos do mundo "sou viado, chupo pau, dou o cu e só por isso vc vai ter que me respeitar!" que vão tolerar as diferenças.

Sou à favor sim da luta por direitos iguais, da luta contra à violência e homofobia. Mas por que não podemos fazer isso com educação, mostrando que somos mais do que o que as pessoas pensam, que é exatamente isso que essas paradas mostram, que eu não sou um pervertido sexual, de que eu ou aquele casal de lésbicas temos estrutura psicológica pra termos confiado em nossas mãos a criação de uma criança ou a possibilidade de uma convivência social saudável? Eu entendo que a marginalização do público gay aconteceu por medo daquilo que era diferente por parte de uma sociedade conservadora (sociedade esta que também precisa muito de uma releitura quantos aos valores defendidos), que por isso alguns desses excluídos perderam oportunidades de emprego pelo simples fato de serem o que são, tendo que se engajar na prostituição, pintando-se mais ainda da aversão das pessoas, ou, infelizmente, cairam em completa desvirtuação de sua condição de cidadão apelando pro roubo, assalto, pra tentar sobreviver de alguma forma.

Então, essas "paradas", ao meu ver, perderam seu sentido original de defesa contra o preconceito e da necessidade do respeito e igualdade, pra se tornar um desfile de arrogância e projeção de complexos sexuais. Sapos a serem engolidos. O mundo gay é só isso? É só sexo, gente malhada, com complexo de riqueza e baixaria exposta? Se eu estiver enganado alguém por favor me levante esse véu de paetês e plumas rosa-pink e me mostre outra coisa que não seja sua própria genitália.

Lamentável.