sábado, 28 de janeiro de 2012

Passos

Todos os passos, não importa pra onde vão, continuam sendo passos, deixando pegadas, indícios, não de pra onde fomos, mas de onde viemos. E esse ponto de origem é comum à todos, nos colocando em pé de igualdade em nossas falhas, como os primeiros passos falhos de quando éramos bebês. Eu não sou psicólogo nem antropólogo, mas desconfio que nossos passos vez ou outra demonstram, em uma linguagem muito própria, traumas dessa infância de trajetos cambaleantes, e se repetem ao longo de toda a nossa caminhada de maneira estendida às nossas escolhas, nossas tendências, nossos atalhos.

Eu dou muito valor às atitudes das pessoas e abro concessões frequentemente porque também desejo que façam isso por mim. Pois pra toda essa metáfora de passos e caminhada, eu sou um zambeta assumido! Nesse mundo de gente louca, gente doente, é bom encontrarmos algo ou alguém que nos sirva de inspiração, de motivo, de bálsamo. Mas quando menos esperamos, notamos que tais pessoas continuam cometendo os mesmos erros dos considerados "tolos".

Mas, claro, a desculpa clássica é: o tolo não pode falar do sábio porque nunca foi sábio, mas o sábio pode falar do tolo porque já foi tolo.

Pois bem, pra quem me diz o que eu posso e o que eu não posso: se eu falo é somente porque tenho boca e se me mantenho calado é porque não há ouvidos disponíveis, nem de tolos nem de sábios, porque os primeiros não querem ouvir e os segundos só querem falar. Quem me julgar como um ou outro, já começa errando porque julga. Cuidar de si próprio, pelo visto, é sempre a melhor opção. E diferente das outras opções, ela sempre esteve e sempre estará ali disponível pro "Eu" que decidir cuidar do seu "si", sem esperar por ninguém. 

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"Depois de um grande susto, uma impressão, 
um dejavú talvez, de morte, de desilusão; 
em que as folhas das árvores vão caindo, 
ao tempo que novos brotos vão surgindo. 
O tempo segue, vai passando, 
passos continuam indo, 
passos continuam voltando." 

Mephisto